Dia desses, ao ver uma mulher vulgar no ônibus, me veio a questão: Porque mulheres não gostam de mulheres vulgares? Porque tanto ódio gratuito? Fiz essa mesma pergunta para a minha mãe, que respondeu que não é ódio. Geralmente, as mulheres se sentem ameaçadas por elas, ou sentem inveja ou mesmo por frustração. O que fez todo o sentido na minha cabeça, mas ainda assim continuo achando que a mente feminina é um grande mistério.
Daí que ontem, sexta feira à noite, pré carnaval, estava eu no mesmo ônibus, no mesmo horário. Derrotado, cansado, fatigado de um dia de trabalho ocioso (parece que cansa ainda mais) e vi a mesma mulher vulgar, no mesmo lugar. Ela sempre fica na frente do ônibus, antes da catraca. E como o ônibus estava cheio no fundo, resolvi ficar ali sentadinho na frente, naquele banco de cegos. E ali continuei, admirando a paisagem nublada e curtindo um som. A Vulgar (chamarei-a assim) tem aproxidamente uns 50 anos, alta, estava vestindo uma calça jeans apertadíssima (dava para ver suas partes genitais insinuadas sob o tecido, e não, ela não era travesti) e um body (é assim que se chamam aqueles "maiôs"?) idem apertadíssimo. Cabelos longuíssimos e lisíssimos, os quais ela fazia questão de ficar jogando sensualmente para todos os lados. Carregava duas bolsas. Ok. Conitnuei analisando a pessoa em questão. E reparei que atrás dela, tinha um cara que não parava de olhar pros peitos dela, gesto esse que ela já tinha percebido e ainda fazia questão de ficar empinando as peitacas, para dar uma "ressaltada" e facilitar a visão do pobre rapaz. Daí que num determinado momento da viagem, o ônibus fez uma curva fechada e ela se jogou de propósito em cima do rapaz. Que, muito solidário que era, rapidamente pegou as bolsas da mão da madame e segurou pra ela. Ela toda sorrisos, se ofereceu inteirinha pra ele com apenas um olhar. E eu ali sentado, ainda curtindo meu som, porém dando risada sozinho. E foi aí que os dois se puseram a conversar. Neste momento fiz questão de dar um mute no player, com aquele sorrisinho safado na cara. E aí os dois começaram a falar da vida. Ele confessou que sempre olhou pra ela, de longe e que ela era linda, e adorava mulheres altas como ela e etc. Ela toda sorrisos, jogando os cabelos sempre que tinha oportunidade. A partir daí foi uma sucessão de conversinhas bestas, as quais eu prestei atenção em todas. Sei da vida toda deles. Ela trabalha como recepcionista numa clínica lá em Moema. Ele é farmacêutico da Drogaria São Paulo lá da Saúde. Ela mora na Vila Císper e ele, perto do extra da Penha. Ele tem um metro e noventa e três e ela um e setenta e seis (a mesma altura que eu). Ela tinha apelido de girafa no colégio e ele jogava basquete. Ela gostava muito de comer pêssegos em calda (isso eu tô inventando). Tá, daí que chegou o ponto dele, se despediram e ela fez questão de empinar a bunda pra trás, afim de encostar nele. Ele pegou na cintura dela "pra ela não cair" e ele terminou com um: Da próxima vez não vou ficar só te olhando.
Então tá bom. Continuei dando risada por um tempo, até entrar uma senhora gorda, negra e loirona no ônibus. Gritando pra quem quisesse ouvir, que ela estava com dor de barriga e precisava sentar.
Ai gente. Sou normal.