As vezes tudo o que você quer é alguém que diga para você parar de chorar, que tudo vai ficar bem. É alguém que lhe dê um travesseiro de pena de ganso, um copo de água e lhe faça um chá quente. Só isso.
É pedir muito?
30 de abr. de 2010
29 de abr. de 2010
Cleptomania e mente ociosas
Vivíamos duros e ociosos. Mais do que qualquer coisa no mundo. Estudávamos juntos e raramente fazíamos alguma coisa que prestasse. A minha vida, particularmente, se resumia a ir à escola, ficar sentado fazendo cara de conteúdo ou desenhando mangás eróticos nas carteiras, ou passando bilhetinhos pela aula e dependendo do professor, conversava alto na sala de aula e ria alto também. Chegava em casa e lia meus mangás, ou assistia pornografia na internet, ou comia várias coisas ao mesmo tempo ou então dormia. Era sempre a mesma coisa. Precisávamos de emoções novas. Descobrimos isso no dia em que decidimos roubar. Roubávamos qualquer coisa que desse bobeira, independente do valor que essa coisa tivesse. Tudo começou (lembro-me exatamente da ocasião) num almoço na escola (levávamos comida, porque estudávamos em outra escola de tarde) e a Aline é diabética, o que a obrigava a tomar insulina todos os dias. E como não é comum uma pessoa se picando no meio do pátio da escola, íamos até a cozinha das faxineiras e ficávamos lá sentados, assistindo ela se picando. Gostávamos quando ela enfiava a agulha na barriga e deixava ela pendurada. Era quase uma sessão de sadomasoquismo. Mas enfim...ela guardava a insulina na geladeira. Nesse dia ela pediu para eu pegar pra ela. Obedeci e quando abri a geladeira vi um pacote de leite em pó moscando, pela metade e estava louco para comer um doce. Sem hesitar, peguei o pacote (estávamos sozinhos na cozinha) e guardei embaixo da minha blusa. Rapidamente, saimos dali e levamos dois copos descartáveis junto, para poder fazer a mistura de leite em pó. Ainda colocamos adoçante para não engordar. Saímos pela escola desfilando com o nosso leite em pó. No outro dia achamos um bolo pullman e foi a mesma história. Isso tornara-se rapidamente um hábito.
Certa vez, na empolgação do momento, decidimos abrir as marmitas da galere que estavam boiando na água quente do marmiteiro. Abrimos várias delas, e ocasionalmente ríamos quando encontrávamos algo bizarro. Foi nessas que um dia encontramos uma marmita com ARROZ FEIJÃO E COXINHA. Rimos tanto, mas tanto, MAS TANTO da coxinha na comida que na empolgação furtei uma. Tinha três. Ficou um buraco no arroz, como se alguém tivesse afundado as costas da colher na comida. Lembro de naquele dia ter rido O DIA INTEIRO disso.
Teve um outro dia que na nossa ronda diária pela geladeira encontramos uma peça de provolone inteirinha. Olhamos um para a cara do outro e pensamos: Pega! Pegamos a mochila e jogamos ele lá dentro, solto, sem plástico sem nada. Uma única peça de provolone solto no fundo da mochila, cheia de raspinha de apontador, tampa de caneta e outras tranqueiras. Comemos tudo no caminho da outra escola, no ônibus mesmo. Uns dias depois a Faxineira da escola, que utilizava a cozinha chamou a Aline de canto, já que ela era uma das alunas que usava a cozinha, e disse: Menina, preciso falar um negócio muito sério com você. Eu estava do lado da Aline e nem ousei olhar para a cara dela, já prevendo o que aconteceria. A tia nos contou que ela comprara uma peça de provolone (doze reais, ressaltou ela!) e nem tinha pago ainda, e mesmo assim alguém fora lá e roubara da geladeira. Disse assim que sabia que não foi a gente, mas de qualquer forma iria começar a trancar a cozinha e que quando quiséssemos usar, era só pedir a chave pra ela. Logo, precisamos parar de roubar coisas da geladeira, porque aí descobririam que era a gente, era só somar dois mais dois. Porém, não muito tempo depois, uns amigos nossos foram fazer uma festinha de aniversário para uma conhecida nossa. Compraram um bolo, uns pães e essas cachorradas todas e utilizaram a cozinha para cantar parabéns. Pra variar, estava eu e Aline lá, participando da festa. Mais cedo, quando Aline estava tomando sua insulina diária, vimos uma garrafa de coca cola na geladeira. Mas não pegamos. Planejamos pegá-la mais tarde aproveitando o aniversário como desculpa, já que entraria um monte de gente diferente na cozinha. Ao apagar as luzes na hora do parabéns, fiz um sinal para a Aline, que logo entendeu tudo e veio de mochila para a geladeira. Como era uma geladeira velha, não acendia a luz, então não corríamos o risco de ser vistos. Enfiei a garrafa na mochila (já vazia) dela e voltamos à posição do parabéns. Acenderam as luzes, e lá estávamos nós com a maior cara lavada do mundo, sorrindo e comendo as coisas da festa. Saímos antes de sentirem falta da coca.
Teve um outro dia na outra escola, que achamos um estojo jogado no pátio vazio. Pegamos e quando abrimos apareceram cifrões nos nosso olhos. Tinha MUITO dinheiro dentro. Tipo, muito mesmo. Mais dinheiro do que o meu bolso de estudante e não trabalhador já tinha visto. Resolvemos guardar o estojo dentro da mochila da Aline enquanto decidíamos se iríamos pegar a grana ou não. Afinal, era MUITO dinheiro. Mais tarde a coordenadora passou de sala em sala perguntando se alguém tinha visto um estojo marrom. Suei frio quando ouvi aquilo. Estava louco para sair de lá logo e ver o que ia fazer com aquela grana. Na saída, decidimos roubar uns apetrechos de desenho que tinha no estojo e decidimos pegar 30 reais cada um, seria muita cachorrada roubar tudo. Largamos o estojo embaixo do banco do pátio. Com 60 reais a menos.
Comprei a primeira parte da coleção do mangá de Sakura Card Captors.
Os espertões e os brigadeiros
Digitando o ultimo post, me lembrei de uma cachorrada que eu, a Aline e a Renata fazíamos. Deixe-me contar (adoro quando não tenho nada para fazer no trabalho), estudávamos os três juntos. Fazíamos Design Gráfico e mais vadiávamos do que qualquer outra coisa, ainda assim tirávamos notas boas (digo po mim, desculpe). Aline conhecia uma mulher que fazia lanches naturais e brigadeiros, e como a mulher pediu para que vendesse na escola, Aline resolveu ajudá-la e de quebra faturar uns trocos. Pois bem, mortos de fome que éramos sempre babávamos nos brigadeiros da menina e pra variar nunca tínhamos dinheiro para comprar nada. Um dia tivemos a genial idéia de pedir para a Aline deixar a gente comer os brigadeiros. Claro que ela não deixou, pois como explicaria para a mulher isso. Então, pensamos mais e mais. Até que chegamos ao absurdo de pedir pra ela deixar a gente morder as beiradinhas dos brigadeiros e enrolar de novo, assim ninguém notaria. O pior de tudo é que ela deixou. E as pessoas continuavam comprando. Todos os dias quando ela chegava, lá iam os três pro cantinho para morder todas as beiradinhas, de fora-a-fora. Renata já carregava até um saco de granulado na bolsa, para o caso de se ficar buraco no brigadeiro a gente enrolava de novo e jogava uns granulados por cima. Curiosamente, todos os dias um menino que eu não me lembro o nome, mas carinhosamente o chamávamos de Diferente (meu, ele era MUITO diferente de tudo nesse mundo) sempre escolhia os brigadeiros comidos (a gente sabia quais eram).
Ahhh...bons tempos.
Se der tempo, mais tarde eu faço um post sobre a nossa fase cleptomaníaca.
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O espertão
Quando eu era criança eu tinha muitas idéias bizarras, pra não dizer maliciosas. No auge dos anos 90, aquela moda de tererê na cabeça, pochete virada para trás e elástico nos cadernos. Em meio a tudo isso, surgiu a moda dos piercings de pressão. Eu tinha um que eu colocava parte superior da orelha (AI GENTE) e ia todo feliz para a escola daquele jeito. Certo dia um garoto que eu gostava muito (era muito meu amigo) viu e quis um igual. Eu disse que na lojinha da minha mãe vendia aquilo (mentira, minha mãe nunca teve uma lojinha na vida) e que no dia seguinte eu levaria um pra ele em troca de três reais. Na minha cabeça eu ia comprar um novo (que era um real) e lucrar dois reais. Mas como, desde aquela época, até parece que ia dar certo, fui na lojinha (que não era da minha mãe) e não tinha mais nenhum piercing de pressão. Tinha que arrumar um, não importasse o jeito que fosse. Já que eu queria muito ganhar dois reais (AI GENTE) e de certa forma, eu tinha prometido para o menino. Cheguei em casa e fui inundado por uma brilhante idéia. Peguei um clip, abri e deixei o no formato (toscamente) de uma argolinha de piercing e vendi. Ganhei dois reais e o menino ficou com um pedaço de clip pendurado na orelha.
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Mais uma mania estranha - Como se já não me bastassem as que tenho
Depois que você começa a desenhar anatomia humana, fica difícil explicar que você está encarando alguém, não por encarar, mas na verdade você está analisando o relevo da orelha da pessoa, ou a curvatura do maxilar, ou mesmo o formato da sobrancelha.
As pessoas podem se incomodar, mas eu juro que não é por mal. Desculpa, gente. De coração. Um dia eu faço uma caricatura super linda para cada um.
As pessoas podem se incomodar, mas eu juro que não é por mal. Desculpa, gente. De coração. Um dia eu faço uma caricatura super linda para cada um.
28 de abr. de 2010
A peleja travada das parafernálias tecnológicas
Estou há duas semanas numa peleja travada para configurar a internet wireless no meu quarto. Conecta, recebe o sinal bonitinho, tudo verdinho, porém não abre nenhuma página.
Me ajuda?
Por favor...
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Como se livrar de semi-conhecidos?
Você vai estar parado na fila do ônibus e vai reparar, lá longinho ainda, que tem um semi-conhecido caminhando em direção á fila que você está. Dependendo do seu grau de conhecimento sobre a pessoa, você vai saber que ela irá pegar o mesmo ônibus que você. Você desesperadamente, não quer o mínimo de contato com essa pessoa, já que não tem o menor assunto para trocar. Daí você tem a brilhante idéia de abrir a mochila e procurar loucamente alguma coisa que não existe, tipo um CD ou qualquer tranqueira. Você mete a cabeça lá dentro, evitando olhar pra qualquer coisa à sua volta. A essa altura a pessoa está a apenas algumas posições atrás. Você não olha para trás por nada nesse mundo, porque caso a pessoa te veja e venha falar com você depois, você pode dar a desculpa de não ter visto e se ela não falar, melhor ainda. Se ela ver você olhando-a, mesmo que de relance, isso vai ficar muito constrangedor se não se falarem depois. Então é melhor fingir que não viu nada. Quando entrar no ônibus, escolha um lugar no fundo para o caso de ela não te ver quando passar a catraca. Ela vai entrar e sentar na frente (porque foi só o que restou) e abrirá um livro. Você dá graças a deus que ela adora ler e se desliga fácil do mundo exterior quando está com um livro na mão. Quando tiver próximo ao ponto que a pessoa for descer (você já sabe de cor), finja que está dormindo, porque invevitavelmente ela irá passar por você e te ver. Feche os olhos e não abra até ter certeza de que ela desceu e já passou um ponto do dela.
Pronto, você se livrou de um semi-conhecido no ônibus.
Agora já pode continuar sua vida normalmente.
Isso aconteceu comigo ontem.
Vi a écs#1 da Mariana N.
Gente, que cabelo é aquele?
27 de abr. de 2010
black horse and the cherry tree
São quase seis horas da tarde. Quase fim de expediente e minha cabeça ainda continua latejando, porém não posso me dar ao luxo de faltar na aula de ilustração hoje. Já faltei quinta-feira passada sem motivo. Trabalhei bastante hoje, mas percebo que isso é bom pra mim. Quanto mais mantenho a minha mente trabalhando, mais longe fico dos meus fantasmas. Antes desse post, eu tinha escrito um post enorme que demorei quase três horas para concluir, mas quando estava quase no fim, o meu computador travou e tive que reiniciar sem salvar. Até parece que ia dar certo. Mas tudo bem, foi melhor assim. Tinha escrito coisas que eu me arrependeria depois. Coisas que dizem respeito somente a mim.
De manhã senti saudade de uma pessoa em especial. Isso não é necessariamente uma coisa boa. Na verdade, definitivamente não é uma coisa boa. Não que a pessoa não mereça. Quem não merece sou eu. Caguei diversas vezes e estraguei tudo o que tentei construir. Mas isso ficou pra trás. Então o que tenho que fazer é seguir em frente.
Hoje foi um dia tão esquisito, fazia tempos que eu não tinha um dia tão estranho como hoje. Não tive contato com quase ninguém hoje. Não conversei muito. Passei maior parte do dia sem falar com ninguém. Não estou de mau humor, porém não estou feliz. Sabe aqueles dias meio "x"? Em que você chega ao fim dele e olha pra trás e não faz idéia se foi uma coisa boa ou se foi ruim? Então.
Ando meio sentimental demais durante esses dias. Sei que essas minhas fases não duram, mas de qualquer forma elas sempre mudam o curso da minha vida, mesmo que temporariamente. Domingo por exemplo, chorei assistindo ao especial do festival do chaves que o Pânico na Tv exibiu. Nas ultimas semanas não tenho tido dificuldades para chorar, já é a segunda vez em duas semanas. Isso é um grande avanço para quem passou 6 meses sem chorar nenhuma lagriminha.
Olho para trás e vejo que deixei muito do menino tímido e inseguro para trás. Ele não me acompanha mais. Avancei demais em pouco tempo e isso é bom. De vez em quando me pego em algumas situações que eu jamais encararia há um ano atrás. Isso é o que chamam de amadurecer?
Ontem de tarde, num momento de ócio resolvi que seria muito legal riscar a minha tatuagem com caneta bic. Assim fiz e saí assim. Esqueci. Daí que ontem cheguei em casa com tanto sono que decidi não tomar banho. E deitei do jeito que estava e esqueci completamente da tatuagem toda riscada. Hoje de manhã levantei correndo, atrasado como sempre e novamente me esqueci que a tatuagem estava toda riscada e saí pra trabalhar. No metrô reparei que estava com o braço completamente riscado, nem achei graça. Fiquei extremamente constrangido pelo fato de chegar ao trabalho com o braço daquele estado. Pra amenizar um pouco resolvi esfregar aquilo com os dedos para ver se saía. Saiu uma parte.
Ontem de tarde, li uma matéria que falava sobre uma menina que era viciada em beijar putas. Ela beijava toda e qualquer puta que cruzasse o seu caminho, não se importando com herpes ou qualquer doença que exista. Logo depois de seus "atos pecaminosos" ela se surrava por inteiro. Achei engraçado.
Sábado foi o sábado mais bizarro que eu tive nesse ano, até agora.
Tanta cachorrada que eu nem sei mais de nada...
Só sei que achei essa foto no meu celular (que não fui eu quem tirou) que alguém tirou enquanto eu dormia na mesa do bar (não tenho mais suporte para virar a noite por aí, estou velho). Como diz a ilustríssima Joana, "dormir no bar é vanguarda".
(Reparem que eu dormi com um leve sorriso no rosto, eu não sei porque já que queria muito a minha cama).
Sem mais.
[Daqui a 16 minutos eu saio daqui]
Beijos e bom fim de terça. (hoje é terça?)
23 de abr. de 2010
Despedida - Y Control
Trabalho aqui no mesmo lugar há um ano e meio, aproximadamente. E existe um menino aqui que eu peguei certa amizade. Ele sempre livrava a minha cara quando precisava e eu sempre livrava a cara dele quando necessário. Atingimos um certo nível de cumplicidade. Por incrível que pareça, ele sabia quando eu estava com raiva e sabia quando eu tava triste através das minhas microexpressões. E isso não é qualquer um que sabe. Ele aprendeu a cantar todas as músicas do Yeah Yeah Yeahs de cor, de tanto que eu ouço. Sua preferida é Y Control. Hoje ele saiu daqui. E não vai mais voltar.
Boa Sorte. Espero que tudo dê certo para você.
ps: na despedida, tive que contar a vontadezinha de chorar que eu tive (ando sentimental demais).
nada
As vezes eu me sinto um simples menino perdido na vida, outras vezes me sinto como uma puta suja. Minha vida parece ser uma enorme antítese sem fim, onde uma idéia logo puxa outra contrária a esta. Não que isso seja anormal, nada disso. E nem que isso seja destrutivo a mim mesmo. Porque não é. Ajo de acordo com a necessidade do momento e quando isso acontece, não costumo pensar em ninguém. Me desculpe quem idealiza a minha pessoa (se é que alguém o faz). Funciona mais ou menos naquele "doa a quem doer, mas prefiro me manter imune". É meio contraditório isso. Tenho uma forte tendência a me auto-criticar, auto-punir, as vezes até me auto-destruir mesmo e ainda assim me encho de super proteção. Faço o que posso para não me machucar. As vezes me privo de relacionamentos humanos com medo de me machucar. O ser humano é tão chato que me dá asco.
20 de abr. de 2010
Be safe - Lagostas
Lagostas parecem ter sido criadas por designers. É verdade...São bem bonitas mesmo. ...Cara, essas pinças dela são perfeitas. Também acho. Você já comeu lagosta? Não...Ah tá, porque a gente só come essa parte aqui, traseira. Nunca experimentei mesmo. Eu fui na praia comer uma vez. Hum...que bacana.
SORRISO.
Sol à pino
Ando meio sem rumo, esperando passar uma hora e poder voltar ao trabalho. Caminho, caminho e caminho. O sol está bem forte, mas eu não sinto tanto calor assim. Apenas a minha visão é afetada pelo brilho do sol refletindo nas barraquinhas multicoloridas. Muito barulho, muitos sons diferentes. Fico por dentro de todas as "músicas do momento". Tudo aquilo que a massa gosta. É sempre a mesma coisa, eles surgem, invadem o rádio e depois de dois meses somem. Essa história sempre se repetirá. Por isso ainda sou adepto do bom e velho fone de ouvido. Crio um mundo só meu e continuo ouvindo as minhas músicas estranhas e assim eu vivo bem, ou pelo menos consigo atenuar um pouco o tédio que a vida traz junto com ela. O cenário é sempre o mesmo, as pessoas talvez eu já até conheça-as de vista, o que me incomoda um pouco, já que odeio a rotina. Where are your friends tonight? diz a música. Tento não pensar nisso, fico olhando uma banquinha de CDs e até consigo me distrair. Ando mais um pouco e as pessoas não me encaram, nem me notam. Eu olho para a maioria delas, e eu percebo que não faço idéia do intuito de eu fazer isso, apenas continuo.
Double Shot - Hiperfagia e a falta de grana - de novo.
Ontem fui buscar Fernandi e Mariana no trabalho. Portava um pacote de Club Social, meio maço de cigarros, 30 reais da minha condução semanal, um cartão VR da minha amiga e o meu cartão de débito com duzentos reais negativos. Pois bem, sentamos na Starbucks (estava com saudade, fazia MUITO tempo que eu não pisava naquele lugar) e ficamos fumando cigarros, enquanto assistia ao Denis beber um frappuccino base café de doce de leite MUITO DOCE e Mariana desfrutando tropicalmente de seu suco de laranja concentrado e com gosto de coisa industrial, mas que não é exatamente ruim. Todos se serviram dos meus cigarros, mas eu estava felizinho e até ofereci, então tudo bonito. Depois que o casal foi embora, eu e Fernandi paramos na frente de um boteco, para esperar o ônibus, e assim voltar para casa. Ao que os olhos correram rapidamente para dentro do bar, pude visualizar a estufa cheia de coisas na cor dourado-fritura. Tenho uma teoria em que todas as coisas nessa cor são gostosas, menos damasco (uma amiga minha corrompeu a minha teoria, me lembrando que existe essa maldita fruta). Mas pense nos bolinhos, batatas fritas, croquetes, risoles, pães, bolos, bolachas, pastéis e por aí vai. Tudo tem essa cor. Enfim, olhamos um para a cara do outro, já sabendo o que se seguiria dali em diante. O que se seguiu? Uma bela e deliciosa orgia alimentar, pra variar. Pedi um Bauru, ela pediu um hamburgão de carne, rapidamente enquanto um abria a geladeira, outro já puxava uma garrafa de refrigerante, enquanto outro engolia pedaços do lanche, enquanto a outra já olhava a estufa escolhendo o próximo item dessa farra alimentar, enquanto o outro já pedia o próximo bolinho de carne, ao mesmo tempo que a outra já cobiaçava um bolinho igual ao dele, enquanto já cobiçava os chocolates do caixa, enquanto pedia um pedaço de bolo. Sim, tudo muito rápido. Toda essa brincadeira durou uns 10 minutos no máximo. Hora de pagar. Lembramos do cartão mercado da minha amiga, que estava na minha mochila. Olhamos com um sorriso cúmplice e perguntamos se aceitava no local. Aceitava. Ótimo, porque eu não tinha um puto no bolso. Decidimos pegar um maço de cigarros para cada um, parecendo duas crianças bobas e felizes dentro de uma loja de brinquedos com um calhamaço de dinheiro achado na rua. O sorrisão não saía da cara. Ah, depois a gente repõe o dinheiro dela, no sábado mesmo, repetíamos toda hora, meio que tentando se justificar para si mesmo. O cara pegou o cartão e passou na maquininha. O sorriso ainda estampava os rostos. Não autorizado. Droga, o sorriso sumiu. E agora? Tenta de novo. Não autorizado. Tenta de novo. Não autorizado (e ficamos nessa brincadeira por uns 10 minutos). Até Fernanda ter a brilhante idéia de reiniciar a maquininha. Tenta de novo. Não autorizado. Pego meu cartão da mochila, com um olhar triste e entrego na mão no cara do boteco. Crédito. Fazer o quê? O que é uma queda, pra quem já está no chão?
Depois que saímos do boteco, já não tão felizes mais, pensamos no dinheiro que eu gasto com comida por mês. Ficamos assustados quando chegamos à conclusão de que com a grana que eu gasto só em comida, por um mês, eu consigo alimentar uma família de 4 ou 5 pessoas, todos comendo bem, e com besteira na compra - tipo danone, chocolate e afins.
Agora mesmo estou aqui na frente computador, com cara de madalena arrependida, abrindo o excel e começando a montar uma planilha de controle de gastos.
19 de abr. de 2010
xx:xxx
Dizem que quando você olha algum horário com números repetidos (tipo: 10:10), por um acaso, significa que existe alguém pensando em você. Não acredito nisso, mas de qualquer forma isso se tornou uma mania e obsessão na minha vida. Hoje especialmente, olhei de 13:13 até 18:18. Todos os horários.
Se isso for verdade, tem alguém realmente pensando em mim.
Deprimido, sem dinheiro, sem amor próprio e sem amor à vida
Saí para almoçar sem nenhum puto no bolso, crente que meu pagamento cairia até a hora do almoço. Claro, como até parece que ia dar certo, o dinheiro não caiu. Sem cigarros. Sem comida. Sem alegria. Assim começou uma belíssima segunda-feira ensolarada, porém não muito quente. Exatamente do jeito que eu gosto. Parecia um prêmio de consolação da vida, sobre a minha desgraça e total falta de alegria. Na minha mochila estava repousando tranquilamente, o cartão de alimentação da minha amiga que ficara comigo, até pensei em gastar alguns trocados e depois repor para ela. Mas eu não queria fazer isso, mamãe me ensinou a nunca pegar o que é dos outros sem estar autorizado - nem sempre eu sigo essa orientação. Enfim, decidi pedir cinco reais emprestado para o menino que trabalha comigo, assim poderia pelo menos comprar um maço de cigarro e calar a minha boca. Assim fiz, comprei um maço e me sobrou R$1,25. Com o restante comprei um salgado. Almocei um único salgado, humilhado e ouvindo João Brasil pelo player do celular. Fumei uns três cigarros e resolvi visitar a Paula no serviço dela, que é pertinho do meu. Chegando lá, fiquei conversando com ela e descolei algumas bolachinhas salgadas e suco de maracujá. Quase na hora de eu voltar para o trabalho, desço a escadaria do local e me deparo com um cara com uma câmera apontada pra minha direção e uma mulher dando entrevista. Ok, era só o que me faltava. Aparecer na televisão com essa cara de cu. Nem vi de que emissora era. E nem quero saber.
Saindo de lá, enconstei aqui na frente de onde trabalho, acendi um cigarro e fiquei vendo o movimento. Um bando de lésbicas passaram por mim e me mediram dos pés à cabeça. Não dei importância ao fato. Reparei que tinha um boliviano distribuindo panfletos de eu estúdio de tatuagem. Em cinco minutos tracei seu perfil de mulher ideal. As magrelas. Todas as mulheres magrelas que passavam por ele, entregava um papel, dava um sorriso e olhava para suas respectivas bundas. Nojento.
Só sei que o dia está tão desinteressante hoje que eu estou morrendo de preguiça até de respirar. Adoraria que a vida tivesse algum controle remoto onde eu poderia pausar ou avançar esse ponto. Avançaria uns dois anos. Não mais do que isso.
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17 de abr. de 2010
Nada
Sábado de manhã. Acordo na hora que eu já deveria estar chegando ao trabalho. Ok, mantenha a calma. Mantive. Foda-se. É sábado. Quem vai procurar meus serviços num sábado de manhã? Ok, pior que existem essas pessoas que procuram. O que me deixa deveras putíssimo da vida. Sabe gente, eu realmente detesto ter que levantar cedo, sair da minha cama quentinha todas as manhãs, encarar um metrô lotado, ficar com o rabão o dia todo pregado na frente de uma bosta de computador, comer mal porque não se acha lugares decentes para comer alguma coisa que não faça você morrer de hipertensão em dez anos e, o principal, ODEIO CONTATO COM CLIENTES. Multiplique todo esse inferno por cinco. Agora você sabe como me sinto levantando para trabalhar aos sábados.
Pronto. Passou a minha fúria.
E vocês? Qual é a do fim de semana? Descolado que sou, sairei daqui, passarei em alguma loja chiquérrima, comprarei roupas muito descolados que eu não sei como se usam, pararei em algum restaurante de hotel, fumarei longos cigarros importados, discutirei com os meus amigos sobre a revolução francesa, mais tarde irei a alguma balada hiper mega hiper master descolada, conversarei com estranhos, usarei droguinhas felizes, beberei muitas bebidas de todas as cores possíveis e serei o mais descolado de todos. NOT. Isso é muito chato, na boa.
Preguiça de gente assim. Se você é desses, eu já aviso que eu não gosto de você. Pra comerçar, gente de balada me irrita e me cansa de uma tal maneira que eu nem sei descrever. Não gosto nem de pensar. Assim, eu não gosto de balada. Não gosto mesmo. Já fui bastante vezes o suficiente para afirmar isso com todas as letras. Daí você me pergunta: Mas você nunca se divertiu numa balada/ Já sim. Mas foram raras as vezes. E eu não gosto e pronto. Os motivos são: Falta de pessoas com cérebro, não generalizando, mas é a impressão que me passam. Bebida cara - se em um boteco normal eu pago 8 reais numa dose de martini, em balada eu pago 15 reais. A música sempre é alta. Não aquele alto que você escuta no seu quarto (óbvio), sim aquele alto de estourar os tímpanos. E quase sempre são músicas que eu não gosto. Não pode fumar. Eu não gosto de ficar sem fumar, definitivamente. Ou seja, não tem nada para eu fazer dentro de uma balada. Esqueci de dizer que eu não danço. Só em ocasiões especiais, dentro de casa de amigos e bêbado. Sou velho?
Na verdade verdadeira. O que eu farei no fim de semana? O de sempre. Sair do trabalho, encontrar a minha amiga, comer feito uma porca louca, ficar me lamuriando por ter comido demais, ficar devaneando sobre porcarias qualquer e depois ir os três, bonitos e felizes para um bar qualquer, onde pedirimos, eu uma água, a minha amiga uma H2oh! e a outra uma coca zero. Ficar sentado ali por horas, falando mal dos pedestres que passam por nós ou então nos lamentando por não termos um relacionamento fixo.
Sempre assim. Mas eu gosto.
Galere, seguinte.
Mentira, nem tem seguinte.
Eu ia escrever alguma coisa, mas não quero mais.
Ia lançar uma campanha, mas deixa quieto.
16 de abr. de 2010
Wait! They don't love you like i love you
O que você pensaria se entrasse num quanto e se deparasse com um garoto alto, barbado, tatuado, alargadores e piercings, bêbado como um gambá, sozinho e com um vidro de desodorante em punho, cantando e fazendo uma performanc especial - junto com a música do pc - Maps do yeah yeah yeahs?
M. - we can be heroes
As coisas mudam. É a regra do universo. Nada fica parado, por mais que tenhamos a impressão de que estão, de fato, paradas. Quando te vi e me aproximei, acreditei que fosse durar. Não está durando. Na verdade, não durou, como você insiste em me lembrar. As coisas ficaram difíceis e as paredes se estreitaram. Ainda assim, desejo-lhe sorte no seu caminho. Siga em paz. E digo mais, se eu puder evitar te machucar de alguma forma, eu farei isso. Afinal, pra que desejar o mal de alguém se não ganharei nada com isso. Nem prazer próprio, porque na minha opinião isso é burrice. Não sou desses de parar alguém para me sentir mais veloz. Foda-se. Lembrarei com carinho de todas as coisas que passamos juntos. Das nossas compulsões no mc donalds as 10:00 da manhã. Dos nossos desenhos em conjunto. Dos nossos diálogos nonsenses. De quando eu ia até a penha a pé com você, para te acompanhar até metade do caminho da sua casa e você não ir sozinha. De quando eu fazia desenhos anuais da galere e você sempre demonstrava mais empolgação do que as outras. De quando eu te dava aulas de desenhos pornográficos. De quando a gente se juntava para rir da cara da Aline. De quando eu falava no feminino só para você dar risada. De quando você me ajudou a subir as escadas da minha casa com um armário pesado nas costas. De quando você me ajudou a vender muambas no ferro velho para conseguir grana. De quando eu fiz uma limpeza no meu guarda roupa e você estava ali do meu lado, olhando com cara de cachorro pidão, louca pelas minhas camisetas velhas. De quando a gente encanou que perderíamos a virgindade juntos, marcamos dia e hora e no fim acabamos assistindo borat e não fazendo nada, de tão tensos. De quando eu fui parar em um motel com você e a sua namorada da época. Das vezes que eu fiz você bêbado. Das vezes em que você chorou na minha frente. De quando decidimos que design era a nossa vocação, e eu continuei no caminho e você desistiu. De quando ficamos um ano sem nos falar, graças aos caprichos de uma única pessoa. De quando eu digo que você tem 13 anos. De quando eu digo que você tem 65 anos. De quando ficamos com óculos escuros no metrô de noite. De quando a gente vivia enfurnado dentro de comitês do PT, pra juntar material e enfeitar a sala do professor Edson, que era do PCO e anti-petista até o rabo. Do ultimo dia de aula, em que fomos os que mais choraram. Foi a única vez que você me viu chorar. Eu te vi chorar incontáveis vezes. Fluorescent Adolescent. Sabia que essa música me faz lembrar de você? E sabia que é o meu toque de celular? Lembra quando a gente passou a tarde toda juntos e eu estava louco para comprar aquela maldita mandioca e você me ajudar a encontrar uma pessoa que eu sequer sabia onde trabalhava? Também vou lembrar com carinho do nosso infundável problema com peso, quando na verdade sabemos que não somos gordos e que mesmo assim adoramos sofrer com isso e ficar nos encarando no espelho e dando tapas fortes nos braços e nas coxas, só para ver a pele balançar todinha. Vou lembrar dos seus peitos, que você sempre mostra quando está bêbada. De quando eu fui com você para fazer o piercing. De quando a gente sempre tentou se entender, mesmo aos trancos e barrancos. De quando a gente sempre ficava mais próximo depois de muito tempo de cara virada. Acho que não somos mais os mesmos. Tudo mudou, como eu disse no começo. Você sempre acreditou que as coisas durariam para sempre incondicionalmente. Eu não.
15 de abr. de 2010
P.
Não saquei seu jeito no começo. Para mim você era só uma menina louca e que queria chamar a atenção a qualquer custo. Afinal, não é normal uma garota abaixar as calças no meio da sala de aula, no primeiro dia em uma escola nova. Definitivamente isso não é normal. Só mais tarde percebi que esse era realmente o seu jeito, o que me fez baixar as guardas e tentar me aproximar de você. Ainda lembro do nosso primeiro diálogo: Oi, você gosta de animes? Disse você apontando para um desenho que tinha na minha mochila. Depois desse momento a parede que exstia do meu lado e do seu lado se romperam, não totalmente, mas uma pequena parte dela. Eu ainda não te conhecia nessa época, apenas gostava muito. Fui te conhecer de verdade há uns dois anos atrás, quando você já não era mais aquela menina louca de cabelos pretos, unhas pretas e coleira no pescoço. Tivemos a oportunidade de trocar horas de papo juntamente um ao outro e assim nos desarmamos cada vez mais e por fim nos vimos completamente expostos um para o outro e isso não me assustou. Gosto tanto das conversas superficiais quanto das mais profundas que temos. Gosto de compartilhar bandas que só nós dois conhecemos e gosto de ver você rodar. A menina que vive a rodar. Sempre muito louca. Sempre muito excessiva. Muito tudo. Você é incrível. Aishiteru, Miaka Shinoda (lembra disso? hahaha).
Devolva a minha vida
Sinto falta de algumas coisas que ficaram para trás. Por mais que eu saiba que essas coisas jamais serão como antes, eu ainda assim quero. E me sinto desconfortável com essa sensação. Sinto falta das tardes de sábado, que eu saía do trabalho e caminhava sem rumo pela Av. Paulista ouvindo Ring of Fire do Johnny Cash e me sentindo a pessoa mais brilhante da terra, tudo isso enquanto esperava a minha amiga sair do trabalho. As vezes eu sentava e tomava um café gelado, fumava uns quatro cigarros, sacava o caderno da mochila e desenhava qualquer porcaria que me viesse à mente e ficava feliz, mesmo sozinho. As vezes eu saía do trabalho e ia até o apartamento de outra amiga, bebíamos, comíamos frango e lá eu ficava até que anoitecesse. Não mudou muita coisa nos acontecimentos em si. Talvez o fato de que minha amiga não mora mais naquele apartamento e eu já não espero a outra amiga como antes. Mas sei lá...alguma coisa mudou. Acho que foi dentro de mim. Ou não. Sei lá...não entendo. Ou não quero entender.
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