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10 de mai. de 2010

A. Feliz dia das mães

Queria tanto que minha mãe soubesse o quanto a amo. De verdade, sabe? Eu tenho a impressão de que ela acha que eu a odeio, quando na verdade eu não faço nada para isso. Na verdade, ela deve ter os motivos dela para pensar o que quiser, mas eu não faço nada premeditado como ela sempre deixa claro. Sei que eu poderia ser um filho melhor, poderia fazer as coisas um pouco mais calculadas, poderia ser mais responsável. Mas ainda assim eu saí do ventre dela. E por mais que eu diga que não pedi para nascer e toda aquele draminha típico de filhos revoltados, ela também não pediu para nascer. Estamos todos no mesmo barco e nunca chegaremos a um senso comum a respeito desse assunto. Só queria que ela soubesse que quando ela sofre, eu sofro junto, por mais que eu não demonstre. Como minha mãe, ela deveria saber mais do que todos que eu tenho uma enorme dificuldade de mostrar meus sentimentos, e eu a amo. Não sei se acredito em amor incondicional, mas se existe, a única pessoa que eu amo incondicionalmente é a minha mãe. Fico orgulhoso quando dizem que eu pareço com a minha mãe, porque carrego um enorme orgulho dela. É a pessoa mais corajosa que eu conheço. Fico triste quando ela me ignora, fico triste quando não sou convidado a fazer parte da vida dela ou quando sou o último a saber dos planos dela. Fico triste quando abro a porta e não vejo ninguém. Fico triste quando não tem um par de olhos me encarando, tentando me decifrar. Fico triste quando não encontro ninguém para me assustar na porta do quarto. Só queria que ela soubesse que é indispensável na minha vida. Muita coisa mudou. Queria que ela entendesse que eu cresci e a distância sempre entra em cena, mas isso não significa que eu a ame menos. Só queria que ela soubesse.

Feliz dia das mães - mesmo tendo passado em branco para você e para mim, desejo um feliz dia das mães.

16 de abr. de 2010

M. - we can be heroes

As coisas mudam. É a regra do universo. Nada fica parado, por mais que tenhamos a impressão de que estão, de fato, paradas. Quando te vi e me aproximei, acreditei que fosse durar. Não está durando. Na verdade, não durou, como você insiste em me lembrar. As coisas ficaram difíceis e as paredes se estreitaram. Ainda assim, desejo-lhe sorte no seu caminho. Siga em paz. E digo mais, se eu puder evitar te machucar de alguma forma, eu farei isso. Afinal, pra que desejar o mal de alguém se não ganharei nada com isso. Nem prazer próprio, porque na minha opinião isso é burrice. Não sou desses de parar alguém para me sentir mais veloz. Foda-se. Lembrarei com carinho de todas as coisas que passamos juntos. Das nossas compulsões no mc donalds as 10:00 da manhã. Dos nossos desenhos em conjunto. Dos nossos diálogos nonsenses. De quando eu ia até a penha a pé com você, para te acompanhar até metade do caminho da sua casa e você não ir sozinha. De quando eu fazia desenhos anuais da galere e você sempre demonstrava mais empolgação do que as outras. De quando eu te dava aulas de desenhos pornográficos. De quando a gente se juntava para rir da cara da Aline. De quando eu falava no feminino só para você dar risada. De quando você me ajudou a subir as escadas da minha casa com um armário pesado nas costas. De quando você me ajudou a vender muambas no ferro velho para conseguir grana. De quando eu fiz uma limpeza no meu guarda roupa e você estava ali do meu lado, olhando com cara de cachorro pidão, louca pelas minhas camisetas velhas. De quando a gente encanou que perderíamos a virgindade juntos, marcamos dia e hora e no fim acabamos assistindo borat e não fazendo nada, de tão tensos. De quando eu fui parar em um motel com você e a sua namorada da época. Das vezes que eu fiz você bêbado. Das vezes em que você chorou na minha frente. De quando decidimos que design era a nossa vocação, e eu continuei no caminho e você desistiu. De quando ficamos um ano sem nos falar, graças aos caprichos de uma única pessoa. De quando eu digo que você tem 13 anos. De quando eu digo que você tem 65 anos. De quando ficamos com óculos escuros no metrô de noite. De quando a gente vivia enfurnado dentro de comitês do PT, pra juntar material e enfeitar a sala do professor Edson, que era do PCO e anti-petista até o rabo. Do ultimo dia de aula, em que fomos os que mais choraram. Foi a única vez que você me viu chorar. Eu te vi chorar incontáveis vezes. Fluorescent Adolescent. Sabia que essa música me faz lembrar de você? E sabia que é o meu toque de celular? Lembra quando a gente passou a tarde toda juntos e eu estava louco para comprar aquela maldita mandioca e você me ajudar a encontrar uma pessoa que eu sequer sabia onde trabalhava? Também vou lembrar com carinho do nosso infundável problema com peso, quando na verdade sabemos que não somos gordos e que mesmo assim adoramos sofrer com isso e ficar nos encarando no espelho e dando tapas fortes nos braços e nas coxas, só para ver a pele balançar todinha. Vou lembrar dos seus peitos, que você sempre mostra quando está bêbada. De quando eu fui com você para fazer o piercing. De quando a gente sempre tentou se entender, mesmo aos trancos e barrancos. De quando a gente sempre ficava mais próximo depois de muito tempo de cara virada. Acho que não somos mais os mesmos. Tudo mudou, como eu disse no começo. Você sempre acreditou que as coisas durariam para sempre incondicionalmente. Eu não.

15 de abr. de 2010

P.

Não saquei seu jeito no começo. Para mim você era só uma menina louca e que queria chamar a atenção a qualquer custo. Afinal, não é normal uma garota abaixar as calças no meio da sala de aula, no primeiro dia em uma escola nova. Definitivamente isso não é normal. Só mais tarde percebi que esse era realmente o seu jeito, o que me fez baixar as guardas e tentar me aproximar de você. Ainda lembro do nosso primeiro diálogo: Oi, você gosta de animes? Disse você apontando para um desenho que tinha na minha mochila. Depois desse momento a parede que exstia do meu lado e do seu lado se romperam, não totalmente, mas uma pequena parte dela. Eu ainda não te conhecia nessa época, apenas gostava muito. Fui te conhecer de verdade há uns dois anos atrás, quando você já não era mais aquela menina louca de cabelos pretos, unhas pretas e coleira no pescoço. Tivemos a oportunidade de trocar horas de papo juntamente um ao outro e assim nos desarmamos cada vez mais e por fim nos vimos completamente expostos um para o outro e isso não me assustou. Gosto tanto das conversas superficiais quanto das mais profundas que temos. Gosto de compartilhar bandas que só nós dois conhecemos e gosto de ver você rodar. A menina que vive a rodar. Sempre muito louca. Sempre muito excessiva. Muito tudo. Você é incrível. Aishiteru, Miaka Shinoda (lembra disso? hahaha).

25 de mar. de 2010

F.

Acordei pensando em você esta manhã. Um pensamento que me veio à cabeça e durou o trajeto todo até o meu trabalho. Enquanto estava de pé olhando para a janela, com fones de ouvido, olhei para o lado e vi uma garota da sua mesma faixa de idade, cabelo escuro com franjinha, magrinha, com roupas descoladinhas e me lembrei de você. Sinto tanto a sua falta. Todas as vezes que olho o seu quarto vazio e a sua cama arrumada, meu coração dá um pulinho. Toda noite antes de dormir fico me perguntando se aquelas patricinhas nojentas da escola estão te perturbando, ou se você está se alimentando direito, se algum cara idiota mexeu contigo na rua, se meu pai está te dando atenção, se a namorada do meu pai não te mima muito, se você se sente sozinha de tarde depois da escola...enfim, são tantas coisas que me preocupam que eu tenho medo de te deixar respirar sozinha. Por mais que você cresça, por mais que você comece a sair com garotos, namore e mais pra frente até case, você ainda vai continuar sendo aquela criança mimada e arisca de sempre. Sinto tanta falta das coisas que fazíamos juntos, das conversas berradas - cada um em seu quarto - de quando você ficava empatando o banheiro do MWEU quarto, de quando você sentava do meu lado e ficava assistindo DVDs de shows e reparando nas roupas e cabelos e criticando todos, de quando você brigava comigo quando eu comia seus salgadinhos, de quando você ficou tão feliz, no seu aniversário, que eu te dei duas camisetas, porque eu mal tinha dinheiro para mim, de quando você chorou quando nos despedimos, de quando você disse "eu te amo" pela primeira vez para mim, de quando eu te levei para passear na liberdade quando o ambiente em nossa casa estava tenso, do jeito como ficamos aflitos e mal disfarçando a tristeza - mas tentando fingir alegria um para o outro, de quando você me viu chorar em público, dentro de um ônibus coletivo pela primeira e única vez na sua vida, de quando você joagava todos os seus brinquedos no chão e me mandava recolher tudo, ou de quando eu deixava você sozinha em casa para sair com os meus amigos, ou de quando ficamos no bairro mais chique de São Paulo fingindo que éramos ricos, ou de quando fazíamos batatas fritas altas horas da noite, ou de quando você tinha medo de cachorro e eu ficava espantando todos, ou de quando você descobriu que eu fumava, ou de quando você dizia que eu estava bonito - ironicamente - sem nem olhar que roupa que eu estava vestindo, ou de quando você tentava colocar na minha cabeça que eu não sou gordo como penso ser, ou de quando eu cortei o seu cabelo e você chorou por dois dias e não quis nem sair de casa.

Eu te amo.
Só quero que você saiba isso.

23 de fev. de 2010

Só o óbito pode nos parar

Desde muito antes de te conhecer pessoalmente, de fato, ouvi dizer muito bem sobre você. Escutei sobre a sua insanidade, mas isso não foi o menor obstáculo na hora de me aproximar de ti, já que de insano eu tenho muito também. Te conheci num momento vergonhoso, digamos assim. Dizem que a primeira impressão é a que fica. Espero muito que você não tenha se baseado naquele episódio, er...digamos, que bem constrangedor. Te achei bonita desde a primeira vez que bati os olhos em você, e por incrível que pareça não nos fizemos naquele dia. Na verdade, mal nos falamos. Estranho como começou nossa amizade.

Ainda me lembro do dia em que comecei a te considerar como amiga, e não como uma amiga da minha amiga. Aposto que você se lembrará do dia, se eu te contar qual é. Eu me expus, me abri e contei coisas sobre mim, somente para você. Eu estava deitado no fatídico sofá vermelho e você fazia carinho na minha mão, não tinha som algum - além da minha voz. Este, com certeza, foi um daqueles momentos da vida em que não queremos apagar. Queremos que congele, para voltar quando quisermos. Neste dia eu pude perceber como é o seu interior, e acredito que você possa ter visto um pedacinho oculto do meu interior também, mais do que a grande maioria conhece a meu respeito.

Tão diferentes. Eu, sempre quieto, inexpressivo, dramático e cheio de conflitos internos. Você, sempre falante, expansiva, expressiva. Dois opostos que deram certo, por assim dizer. Não que um seja pior ou melhor do que o outro, apenas complementares. Você carrega todas as expressões que eu gostaria de ter e eu carrego um pouco da racionalidade que você gostaria de ter.

Are you gonna be my girl?
(essa música sempre me lembrará você)

30 de set. de 2009

D.

Ontem voltei pra casa conversando com uma amiga. Falávamos em como seria bom viajar a essa altura do ano. Me lembrei de você e em como seria bom viajar só com você. Assim como uma viagem que fiz às Serras Gaúchas com a minha mãe quando eu tinha 17 anos. A melhor viagem da minha vida, eu diria. Voltei cinco quilos mais gordo e foi aí que eu decidi ficar magro pra valer. Mas voltando ao foco, seria tão bom viajar só com você e dormir sete dias do seu lado em camas gigantescas de hotéis caros. Ficar abraçado em você no banco do ônibus que percorre a cidade, só sentindo o seu perfume e não prestando atenção em nada do que a guia turística explica.

É..seria bem legal.

18 de set. de 2009

Carta do meu lado racional direcionada pro meu lado emocional. Não sei quem ganha.

Seu idiota. Você é um idiota. Você se permite gostar e sempre termina com essa cara de cu. Mas ao mesmo tempo você sabia que isso ia acontecer. Isso sempre acontece com você. Lembra todas aquelas pessoas que você já gostou antes? Então, pois é. Mas é engraçado você estar desse lado agora. Você que esteve tão acostumado a viver o outro lado.
Mereceu, seu idiota. Mas só digo uma coisa: Nem se abale. Você é mais do que isso e você sabe disso. Pronto. Agora está um pouco mais livre. Você pagou parte de sua dívida. Claro que isso foi só uma prestação, já que deve demais no mercado. Eu avisei que você não deveria ter se permitido gostar. Gostar é para os fracos. E você não quer ser fraco, quer? Que bom. Vejo que você não está triste. Pelo contrário, você está até mais feliz. Foque nas suas metas, seu gordo imbecil. Aproveite esse momento, não vejo você assim desde a época do seu TCC de design. Aproveita. Eu não te amo ainda, mas sei que quando eu começar a sentir alguma coisa especial por você, juntos iremos longe. Mais longe do que você imagina. Quero me aproximar mais de você.
Eu não faço idéia do que você vai fazer agora, mas eu te avisei para não depositar suas esperanças em uma pessoa. Muito me admira que você tenha feito isso, você nunca foi assim. Seu retardado, levanta esse traseiro gordo dessa porra de cadeira e vai correr atrás do que você quer, das suas metas e faça o que você achar que deve fazer e vê se não se ilude com mais ninguém, por mais bonitinho que possa ser.

Não queria ter soado tão cruel, não foi a minha intenção já você está fazendo tudo tão bonitinho pela primeira vez em anos. Até gostaria de te recompensar, mas não gosto tanto assim de você. Então foda-se. Mas você está uma gracinha hoje. Admito.

E o dia está lindo. Viva-o.

Com carinho, seu lado racional.