Vivíamos duros e ociosos. Mais do que qualquer coisa no mundo. Estudávamos juntos e raramente fazíamos alguma coisa que prestasse. A minha vida, particularmente, se resumia a ir à escola, ficar sentado fazendo cara de conteúdo ou desenhando mangás eróticos nas carteiras, ou passando bilhetinhos pela aula e dependendo do professor, conversava alto na sala de aula e ria alto também. Chegava em casa e lia meus mangás, ou assistia pornografia na internet, ou comia várias coisas ao mesmo tempo ou então dormia. Era sempre a mesma coisa. Precisávamos de emoções novas. Descobrimos isso no dia em que decidimos roubar. Roubávamos qualquer coisa que desse bobeira, independente do valor que essa coisa tivesse. Tudo começou (lembro-me exatamente da ocasião) num almoço na escola (levávamos comida, porque estudávamos em outra escola de tarde) e a Aline é diabética, o que a obrigava a tomar insulina todos os dias. E como não é comum uma pessoa se picando no meio do pátio da escola, íamos até a cozinha das faxineiras e ficávamos lá sentados, assistindo ela se picando. Gostávamos quando ela enfiava a agulha na barriga e deixava ela pendurada. Era quase uma sessão de sadomasoquismo. Mas enfim...ela guardava a insulina na geladeira. Nesse dia ela pediu para eu pegar pra ela. Obedeci e quando abri a geladeira vi um pacote de leite em pó moscando, pela metade e estava louco para comer um doce. Sem hesitar, peguei o pacote (estávamos sozinhos na cozinha) e guardei embaixo da minha blusa. Rapidamente, saimos dali e levamos dois copos descartáveis junto, para poder fazer a mistura de leite em pó. Ainda colocamos adoçante para não engordar. Saímos pela escola desfilando com o nosso leite em pó. No outro dia achamos um bolo pullman e foi a mesma história. Isso tornara-se rapidamente um hábito.
Certa vez, na empolgação do momento, decidimos abrir as marmitas da galere que estavam boiando na água quente do marmiteiro. Abrimos várias delas, e ocasionalmente ríamos quando encontrávamos algo bizarro. Foi nessas que um dia encontramos uma marmita com ARROZ FEIJÃO E COXINHA. Rimos tanto, mas tanto, MAS TANTO da coxinha na comida que na empolgação furtei uma. Tinha três. Ficou um buraco no arroz, como se alguém tivesse afundado as costas da colher na comida. Lembro de naquele dia ter rido O DIA INTEIRO disso.
Teve um outro dia que na nossa ronda diária pela geladeira encontramos uma peça de provolone inteirinha. Olhamos um para a cara do outro e pensamos: Pega! Pegamos a mochila e jogamos ele lá dentro, solto, sem plástico sem nada. Uma única peça de provolone solto no fundo da mochila, cheia de raspinha de apontador, tampa de caneta e outras tranqueiras. Comemos tudo no caminho da outra escola, no ônibus mesmo. Uns dias depois a Faxineira da escola, que utilizava a cozinha chamou a Aline de canto, já que ela era uma das alunas que usava a cozinha, e disse: Menina, preciso falar um negócio muito sério com você. Eu estava do lado da Aline e nem ousei olhar para a cara dela, já prevendo o que aconteceria. A tia nos contou que ela comprara uma peça de provolone (doze reais, ressaltou ela!) e nem tinha pago ainda, e mesmo assim alguém fora lá e roubara da geladeira. Disse assim que sabia que não foi a gente, mas de qualquer forma iria começar a trancar a cozinha e que quando quiséssemos usar, era só pedir a chave pra ela. Logo, precisamos parar de roubar coisas da geladeira, porque aí descobririam que era a gente, era só somar dois mais dois. Porém, não muito tempo depois, uns amigos nossos foram fazer uma festinha de aniversário para uma conhecida nossa. Compraram um bolo, uns pães e essas cachorradas todas e utilizaram a cozinha para cantar parabéns. Pra variar, estava eu e Aline lá, participando da festa. Mais cedo, quando Aline estava tomando sua insulina diária, vimos uma garrafa de coca cola na geladeira. Mas não pegamos. Planejamos pegá-la mais tarde aproveitando o aniversário como desculpa, já que entraria um monte de gente diferente na cozinha. Ao apagar as luzes na hora do parabéns, fiz um sinal para a Aline, que logo entendeu tudo e veio de mochila para a geladeira. Como era uma geladeira velha, não acendia a luz, então não corríamos o risco de ser vistos. Enfiei a garrafa na mochila (já vazia) dela e voltamos à posição do parabéns. Acenderam as luzes, e lá estávamos nós com a maior cara lavada do mundo, sorrindo e comendo as coisas da festa. Saímos antes de sentirem falta da coca.
Teve um outro dia na outra escola, que achamos um estojo jogado no pátio vazio. Pegamos e quando abrimos apareceram cifrões nos nosso olhos. Tinha MUITO dinheiro dentro. Tipo, muito mesmo. Mais dinheiro do que o meu bolso de estudante e não trabalhador já tinha visto. Resolvemos guardar o estojo dentro da mochila da Aline enquanto decidíamos se iríamos pegar a grana ou não. Afinal, era MUITO dinheiro. Mais tarde a coordenadora passou de sala em sala perguntando se alguém tinha visto um estojo marrom. Suei frio quando ouvi aquilo. Estava louco para sair de lá logo e ver o que ia fazer com aquela grana. Na saída, decidimos roubar uns apetrechos de desenho que tinha no estojo e decidimos pegar 30 reais cada um, seria muita cachorrada roubar tudo. Largamos o estojo embaixo do banco do pátio. Com 60 reais a menos.
Comprei a primeira parte da coleção do mangá de Sakura Card Captors.
5 comentários:
ahsuhushau RI ALTO
Eu me lembro do dia do leite, e lembro q era aniversário da Carbonaro, então foi em outubri de 2006 q vcs roubaram a coca.
E lembrei da Laiz comendo o provolone e dando bronca na gente (eu tava junto no dia do provolone).
Eu tava rezando por um dia de mangá, comida e sono, muiiito sono. mas...
HUAHSOIUSHOISHIUHIAUSHHASUHUS
Vocês parecem os gatos aqui de casa. Todos ninjas no roubo.
Eles já esconderam várias e várias vezes o dinheiro do pão (que fica emcima da mesa pra que eu levante minha bundinha do computdor e vá gasta-lo em... pão), embiaxo do fogão.
Lembro até hoje, lembro como se fosse ontem. Há 4 anos: Primeira semana da nossa atual empregada, minha tia deixou o dinheiro do Pão na mesa, meu tio (por milagre divino) resolveu comprar pão e o dinheiro não estava lá. Ele olha pra empregada, a empregada olha pra mim, eu olho pra minha tia e ela diz: Olha embaixo do Fogão.
Há!
AUHIUHUS
Um beijo!
Ah, meu tio me explicou como se arrumava a sua net, MAS, ele não quis escrever aqui e eu não consegui traduzir o que ele me disse, então... desculpa.
E ah, SIIIM, eu ouvi o CD novo da Kate. *-* Coisamaislinda.
Olha já que você comentou, o CD tá um pouquinho diferente do que eu me acostumei, mas eu AMEI o nome e tem uma música
Pausa para procurar o nome
I Hate Seagulls, isso, essa mesmo.
Eu gostei da letra. A voz tá linda como sempre. Só não gostei TANTO do jeito que ela conduziu, sei lá. Mas é o jeito dela.
Então eu fico recitando a musica, como em pistachio nut, acho o maximo. *-*
Aaaah, o que você não tentou tem a ver com o "Proxy" ? Não que eu saiba o que é isso, MAS, eu lembro desse nome!
HAUHSIUHSOAIUSHAIUHOIUHSAUIh
Beijão ;*
AH!
Meu ex professor de Teatro é gay. Mas isso não me impediu de alimentar uma paixonite por ele. Ai ai, aqueles cachinhos! óun.
Só que no sonho, o beijo que eu TANTO queria receber, foi TÂO ruim!
HSAUIHSIUHSIOHSAOSHAIOUSHOISUHOIUAHSAOIUHSOIUHSOIAHSOAIUSHAIOUSHAOIUSHISHIOUHASOIUAHSIA
Um beijo
a mãe da aline ficou escandalizada quando soube do provolone, quase obrigou a aline a comprar um provolone novo e levar pra mulher... detalhe, ela soube disso ano passado
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