Daí que agora eu estou aqui, olhando para o monitor. Encarando essas letrinhas que estão sendo digitadas, olhando para esse monitor monótono que eu tanto aprendi a detestar. Dedesto-o porque é a coisa que mais repousa sob os meus olhos, durantes seis dias da semana, por oito horas diárias, e isso não é tão legal quando se tem um mundo inteiro para ver lá fora. Tudo bem que eu gostaria muito de mais de estar olhando para o teto branco do meu quarto. Sozinho, no silêncio da minha casa - que é outra coisa que eu aprendi a detestar, porém é aquele detestar que a gente se habitua e nem reclama mais. Apenas acostuma. E é lá que eu gostaria de estar. Na solidão da minha casa, onde eu posso escutar uma agulha caindo no chão. Daí que amanhã é feriado, e eu combinei de sair com a minha tia, dormir na minha vó e visitar uma outra tia. Gosto da minha família, mas confesso que é algo que tento evitar ao longo dos últimos anos. Eles fazem eu me lembrar quem sou eu, aquele eu que eu tanto tento apagar silenciosamente. Quando era mais novo, tinha fantasias de sumir e voltar reinventado. Arrancando admiração de todos. Sim, eu sumi e voltei reinventado. Porém não consegui a admiração alheia. Sei que a primeira coisa que a minha vó irá falar quando me ver é sobre o meu corpo. Se ele diminuiu ou se ele aumentou desde a última vez que nos vimos - há aproximadamente uns 8 meses atrás. E ela vai falar. Vai falar de um jeito cruel, que vai me deixar triste. Assim como todos irão. Eles sempre falam. E eles vão falar de como eu mudei, de como eu era e de como eles gostariam que eu fosse. Mas eu não quero ouvir. Não hoje - talvez nunca, admito. Eles irão me cutucar e me causar um estranhamento ao me lembrar de coisas. Coisas bobas, para qualquer pessoa, mas não para mim. Eles irão me lembrar do garoto fraco, loser, triste e mimimi que eu já fui. Não que eu não seja mais, é que eu aprendi a reprimir. Eles irão fazer eu me sentir diminuto diminuto dominuto novamente. E tudo o que eu menos queria hoje é me sentir diminuto. Eles irão falar sobre como sou carente, e tudo que eu não quero passar na minha imagem é essa carência nojenta. Enfim. Desejem me sorte.
E eu ainda continuo querendo estar na solidão do meu quarto e no silêncio estrangulador da minha casa.
2 comentários:
Pára de ser besta.
Eu te ensino tudo sobre o Mc. Pode deixar!
Porque você não vem ser um Fechador comigo?
Beijo
Pára de ser besta.
Eu te ensino tudo sobre o Mc. Pode deixar!
Porque você não vem ser um Fechador comigo?
Beijo
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