Naquele momento eu estava tranquilo. Fingi um piripaque qualquer, algum surto emocional apenas para chamar a atenção toda para mim. Ego. Não queria nada, talvez nunca quisera. Só queria uma cama quentinha para me encostar, algo macio para repousar. Só isso. E continuei ali naquela mania louca de falar, falar, falar e falar sobre nada e sobre sentimentos que nunca existiram. Ninguém escutava. Às vezes, quando fazia sentido ou quando alguém se identificava, soltava algum comentário curto. Não que aquilo fizesse diferença, não, veja bem, eu só queria algo que fosse "meu". Algo que eu olhasse e dissesse: fruto do meu sentimento, pensamento e criação.
Não me foi entregue e jamais seria, se continuasse naquele ritmo lento-quase-parando.
O cheiro das flores cítricas inundou aquele ambiente. Eu ali com aquela cara enfiada naquele monitor, esperando sabe lá o que ou que sinal. Eles nunca existiram, obviamente. Eu estava louco.
Eu estou louco. E assim vivo a respirar, apenas, por aí. Mantendo a minha presença, ou não presença. A presença que se chama "pouco". A presença com traços de ausência. Eu mantive. Eu mantenho. Andando por aí, catando folhas de diferentes tamanhos e juntando-as para fomar um painel em forma de coração. OU juntando argila marrom para montar aquela casinha. Lembra da casinha? Lembra das estrelas coloridas?
Eu achei que tivesse esquecido, mas elas ainda estão frescas aqui na memória. A casinha verde com bolinhas amarelas. O brasil afundado e doentio, assim como o meu e o seu coração. O pouco, a vida, a subvida e o coração. Todos estão interligados. E eu sei exatamente em que ponto.
2 comentários:
Os sentimentos você tem, só não sabe dar nome a eles...
A sua casa está lá, só falta você começar a construí-la
Não sei o que sentir. Não sei como me expressar. Gosto de catar folhas. Tenho uma num formato de coração que guardo numa agenda velha na data do meu aniversário.
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