Um dia eu vou sentar e te contar tudo. Vou falar, falar e falar. É, isso pode parecer estranho vindo de mim, já que sou sempre tão calado. Mas eu vou te contar por onde estive, o que eu estava fazendo, com quem estava, vou te contar sobre as auto agressões, vou falar sobre os meus medos, as minhas tristezas mais ocultas, sobre as vontades que tive, dos porres que tomei, dos incontáveis maços de cigarros que fumei neste meio tempo e principalmente como cheguei aqui. Vou te mostrar as minhas cicatrizes nos braços, vou te mostrar os arranhões que sofro todos os dias por aí e só dou conta deles quando vou tomar banho. Vou te mostrar as cicatrizes internas, talvez doa um pouco ao cutucar, mas eu realmente não me importo. Talvez algum dia voce me conheça por dentro de verdade. Talvez eu mostre todo o potencial que escondo. Talvez voce goste. Ou não.
Mas um dia eu vou te mostrar e vou perceber que perdi muito tempo em não ter feito isso antes. No fim voce vai me dar um abraço, um lencinho e vai dizer que tudo vai ficar bem. Voce vai me entender, vai rir de mim, me xingar de babaca e vai me mostrar o seu mundo também. E as cicatrizes já não doerão mais. Eu sequer lembrarei que elas existem.
E quando a noite chegar, nós vamos contar histórias, vamos esquecer da vida exterior e por alguns instantes seremos apenas duas crianças carentes fugindo da dor existencial. Vamos procurar formas de objetos nas estrelas. Nós saberemos ler as estrelas. Apareceremos na televisão fazendo previsões de astros e famosos. Ficaremos ricos e sabemos que é questão de tempo. Não precisamos correr. Está tudo lá. E continuará.
É nosso. É tudo nosso.
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