8 de jul. de 2010

Low

Nada é tão certo e belo como parece ser. Sempre que levantamos aquele pano de seda, que cobre todos os seus tesouros, lá embaixo, no meio da prataria e objetos estranhos dourados, podemos ver alguns ossos secos, que se decopoem com o tempo que passa. É como se nada fosse real. E nada é, realmente, real. Por mais que você escute aquilo que tanto quer ouvir, você sabe lá no fundo que não é isso. Está errado. É como um ciclo. Você se sente bem, depois se sente mal por saber que aquilo não é real. E assim começa outra volta, que dará lugar a outra. E outra e isso jamais tem um fim. Podemos até mesmo nos distrair, enquanto assistimos esse filme ruim, podemos descobrir drogas novas que supram aqueles medos, fantasmas e dilemas. Tudo fica mais fácil assim, por mais que seja apenas uma máscara. Mas quem disse que máscaras não podem ser bonitas? O problema é que em determinado momento, ela simplesmente não serve mais, ou de repente ela cai no chão e quebra e se torna muito difícil manter aquela máscara intacta no rosto. Então, de qualquer forma, pensamos: Vale mesmo a pena mostrar aquilo que ninguém quer ver? Talvez sim, talvez não. E se não, palavras podem ser lançadas e com isso, trazendo mais alguns cortes e até mesmo umas cicatrizes profundas. Você vai olhar para o seu braço, olhando os poucos cortes que tem e vai pensar: Essa facada foi de fulano, essa navalhada fina e pequena foi de outro fulano. E assim será, até que um dia elas não signifiquem mais nada para você. O que pode demorar alguns dias, ou alguns anos, talvez nunca deixem de significar e elas sempre estarão lá para te lembrar o quão infeliz você foi/é. Você vai se cansar, talvez atravessar algumas noites acordado, sentado em algum canto da cidade, vislumbrando algumas luzer verdes e você vai se encher com isso, vai achar tudo muito bonito e ficará com cara de criança maravilhada, mas ao subir no metrô pela manhã, para se locomover até aquele lugar que você tanto tem medo, o vazio existencial voltará a te infernizar e, finalmente, ao abrir a porta de casa, você não encontrará ninguém. Ela estará completamente vazia e bagunçada. No fim, tudo se torna igual. Tudo sempre igual e repetitivo. Uma sucessão de fatos que ocorreram ontem, acontece hoje e com certeza amanhã ele retornará.

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