7 de jun. de 2010

Existencialismo

Desde cedo somos acostumados com o excesso. Usamos o material como uma válvula de escape e nos sentimos preenchido quando empunhamos o cartão de crédito ou o dinheiro que é fruto de nossos trabalhos. Não somos tão filhos da puta como aqueles que se aproveitam da grana que não os provém. Saímos pouco, mas nos vemos bastante. Não fazemos aquilo que a maioria faz. Estamos num patamar acima. Ou não. Prefiro pensar que sim. Alguns de nós tivemos a fase de tomar vinho chapinha e ficar bêbado na calçada, na porta da escola. Outros de nós não fizemos isso e esperamos crescer o suficiente para fazer. A maioria de nós não tem uma vida sexual ativa, o que diminui os riscos de DST, embora alguns de nós já tivemos suspeitas. Não bebemos bebidas alcóolicas, de modo que raramente ficamos bêbados. Comemos muito. Fumamos muito. Somos dessa forma, algumas vezes estamos felizes demais, outras vezes estamos tristes demais. Raramente as emoções são saudáveis. Pensamos muito. Talvez esse seja o motivo de nossa grande infelicidade e descontentamento com o mundo, as pessoas ao redor e as idéias que estas geram. Não choramos, não nos exaltamos e raramente explodimos. Somos seres pacíficos, de certa forma. Não nos envolvemos com coisas erradas e sempre pagamos as contas em dia. Pelo menos, tentamos. E quase sempre conseguimos. Aos fins de semana extravazamos a monotonia da semana. Gastamos muito dinheiro com comidas hipercalóricas em lanchonetes hiperglobalizadas e hiperfaturadas, e não nos importamos com as mulheres da china que doam sua vida inteira para limpar peixe, matar frangos e preparar as gulodices que tanto amamos. Pra falar a verdade, não nos importamos com muita coisa. Muitas vezes não nos importamos nem conosco mesmo. Somos tristes, mas ao mesmo tempo somos felizes por estarmos tristes. Tentamos nos destacar no meio dos medíocres e de certa forma conseguimos. E até arrisco dizer que conseguimos muito mais do que isso. Conseguimos fazer qualquer coisa. E isso já foi provado. Em alguns dias mal nos falamos e não nos vemos. Em outros dias declaramos nosso amor aos quatro ventos, e rimos disso porque achamos extremamente brega. De vez em nunca nos juntamos e sonhamos com alguma coisa, que lá no íntimo, sabemos que jamais irá acontecer. Mas no fundo adoramos nos amargurar com o que quer que seja. Em alguns momentos desejamos profundamente não sermos mais amargos, mas tudo o que fazemos é dizer um "é..." e acender um cigarro atrás do outro, tirando fotos de torres, ruas, pessoas, de mim, de comida ou qualquer coisa que achamos bonitos. Andamos em lugares inesperados, mantendo nossa postura inexpressiva e fazendo aquilo que desejamos. Em outros momentos não sentimos medo de nada. Somos as crianças corajosas para logo em seguida a bola murchar e nos sentirmos losers. Temos um gosto diferente. Gostamos de excentricidade, diversidade e das coisas que a sociedade rejeita. Somos dessa forma e por mais que digam e julguem que somos pobres crianças tristes, ainda assim continuaremos conseguindo grana para gastar em lugares elitistas e hiperfaturados. 

Um comentário:

cowy disse...

resumiu tudo muito bem.