6 de jan. de 2012

M. H.

"Minha lembrança do começo da vida vai e vem do concreto à separação do corpo e da mente, de uma lembrança do cheiro do perfume da minha avó à outra de bater em meu próprio rosto por me achar gorda e feia, vendo a marca avermelhada da minha mão, mas não sentindo a dor. Não me lembro de muitas coisas de dentro para fora. Não lembro de como era a sensação de tocar em coisas, ou de como a água do banho passeava pela minha pele. Eu não gostava de ser tocada, mas era um desgostar estranho. Eu não gostava de ser tocada por querer muito ser tocada. Queria ser abraçada bem apertado para não despedaçar. Mesmo hoje, quando as pessoas se aproximam para me tocar ou me abraçar ou pôr uma mão no meu ombro, eu prendo a respiração. Viro o rosto. Tenho vontade de chorar."

Um comentário:

LubaLuba disse...

Daqueles abraços bem dados. Bem apertados.