26 de mar. de 2012

stars

sentado no ônibus, assistindo toda a paisagem urbana sob a chuva fraca que caía, pude repensar em todas as coisas que eu havia feito até o longo desse tempo todo.   Lembrei de cada momento compartilhado, com cada uma daquelas pessoas todas. Lembrei de como era a sensação de encher o cérebro de oxigênio, e dar aquela risadinha sem graça. As coisas nunca foram fáceis, mas eu me divertia. Ah, como me divertia. Levantava a hora que fosse e ia lá encarar o dia, a noite, a tarde ou o que fosse. Lembrei de como era a sensação das gotas caindo sobre a minha pele e de como isso me fazia feliz. Pensei bastante, sabe? E quando era tão alegre pegar o celular, acender um cigarro e ouvir vozes familiares d'outro lado da linha, ah como era bom. Hoje tudo mudou, viramos adultos. Temos contas para pagar, temos responsabilidades com profissões não tão legais assim, ou profissões legais, que seja. Temos filhos para cuidar, mas na verdade ainda somos umas crianças por dentro, daquelas mais insuportáveis que choram por atenção, fazem birras e se jogam no chão, mas ficamos muito bravos quando as nossas próprias crianças fazem o mesmo. É uma exclusividade nossa, ora pois? Aí sentamos numa calçada qualquer e nos lembramos de como era bom o cheiro de bolo, cheiro de mato molhado, de cocô de cachorro e de passar a noite olhando as estrelas. As estrelas assistiam nossas vidas com assiduidade, num nível muito maior do que o que assistíamos seu brilho.

Nos esquecemos de tudo isso.

E você onde esteve esse tempo todo?

Festival do cachorro quente

Nesse domingo pude comparecer ao I Festival Do Cachorro Quente de Osasco. Sim, eu fui até lá para comer um hot dog. 

Acontece que Osasco é a segunda cidade do mundo em consumo de hot dogs, perdendo apenas para Nova York. E até me desloquei para comer o tal do cachorro quente no prato, que se consistia num pão aberto, um monte de salsichas (acho que 4), meio quilo de purê de batata, meio quilo de batata palha, cheddar, vinagrete e etc. Talvz você tenha salivado com essa descrição, mas não. Não é tão gostoso quanto parece. Passei mal a tarde toda por isso (tenho problemas estomacais, mas mesmo assim né? muito carboidrato num prato só).

Aí que teve concurso para ver quem comia mais cachorros quentes, tinha que comer 10 em 3 minutos. Por alguns instantes achei que eu poderia tentar, mas não. Imagina sair em rede nacional com o mérito de ter comido 10 cachorros quentes em 3 minutos. Isso não seria para o meu leve pudor sobre muitas coisas.

E tinha um camarote também. Na verdade era um espaço separado por 4 degraus do chão e uma galera que parecia ser a "high society" de osasco.
A plaquinha que identificava o camarote era uma folha de caderno com os dizeres "CAMAROTE 100 REAIS" escrito com caneta PILOT.

E é só.

20 de mar. de 2012

A boliviana

Hoje quando vinha trabalhar, sentado no metrô, eis que entrou uma moça. Uma moça de aparentemente, uns 20 anos. Era boliviana. Carregava uma enorme mochila e uma bolsinha de mão com os dizeres "un regalo de bolivia".

Fiquei olhando seu rosto por alguns longos minutos, sem conseguir desviar. Ela não era bonita. Ela não estava cheirosa. Ela não estava nem acordada direito. Mas alguma coisa não me deixava desviar do seu olhar.

Mergulhei dentro dos olhos dela e visualizei solidãom, preconceito e muito sofrimento. Fiquei imaginando como é difícil ser diferente em uma multidão de pessoas pré-moldadas. Nós, brancos, classe média, empregados, e etc não podemos imaginar o que ela aquela garota passou até estar ali, de pé com olhar perdido dentro daquele vagão de metrô, precisamente às 8h30 da manhã. Desceu no Belém, grande concentração de fábricas onde trabalham bolivianos. Senti uma pontada de tristeza ao pesar que o destino dela, provavelmente seria um lugar desses. Onde ela passaria seu dia, e de noite retornaria ao mesmo lugar de onde veio. Alguma casa perdida na periferia.

Eu não sei porque isso me tocou. Não sei direito porque pensei tudo isso.
E provavelmente isso não deve nem fazer tanto sentido.

12 de mar. de 2012

dialogos

1 - você sabe dirigir?
2  - tenho uma noção, porque?
1 - não sei, você não parece fazer essas coisas.
2 - ... [?]
1 - é, essas coisas. você tem cara de que vive no computador o tempo todo.
3 - você fica?
2 - o que? no computador o dia todo?
3 - é
2 - não ué. e vocês. sabem dirigir?
1/3 - não...

9 de mar. de 2012

Esteja bem

Estava sentadinho no metrô, vindo pro trabalho e em uma das estações por quais o metrô pára, eu pude ver um senhorzinho agonizando. Tinha aparencia frágil, cabeça branquinha, magro e carregava uma bengalinha. Estava sozinho, provavelmente indo para algum hospital da vida. Ele estava sentado do lado de fora do vagão, sendo reanimado por umas 3 pessoas diferentes, ao que nenhum deles parecia ser parente dele. Por isso presumo que ele estava sozinho.

Enfim, demoraram uns bons 3 minutos (o que é muito, nesses casos) para socorrer o senhor. E aí o metrô voltou a andar e eu não sei o que aconteceu.

Só sei que fiquei repetindo mentalmente "força, continue vivo" por alguns minutinhos até a rotina massacrante vir me abraçar com força.

Não sei porque, mas me veio ele na cabeça.

Espero que ele realmente esteja bem.

2 de mar. de 2012

algumas coisas

confesso que estes ultimos dias tem sido dificeis e tristes. meio dificil de enxergar algo de bom que possivelmente aconteça.

bom, como algumas pessoas sabem, eu faço análise. não faço porque gosto. não faço porque tenho dinheiro sobrando. faço porque preciso.

sempre achei que precisava. não me considero uma pessoa equilibrada mentalmente, embora tenha melhorado muito nos ultimos anos. já vivi pelo absurdo da insegurança, por um transtorno alimentar, por ódio a mim mesmo, por sindrome do ninguém-me-ama-ninguém-me-quer.

Hoje estou anos luz melhor do que eu estava há uns 3 anos atrás. Outra pessoa.
As pessoas dizem isso e eu noto.

Ainda não estou curado de nada. Ainda transito entra a insegurança, um transtorno alimentar, ódio a mim mesmo e a tão chata sindrome do ninguém-me-ama-ninguém-me-quer.

Daí que hoje na analise eu finalmente percebi que ainda tenho muito trabalho pela frente.
Eu tenho alguns traumas de infancia. Algumas coisas relacionadas com familia e que geraram um padrão no meu comportamento, ainda que no dia-a-dia eu não faça essa ligação imediatamente (geralmente, sequer lembro da minha infancia e afins).

Mas ainda carrego algumas coisas dessa época, coisas que eu sempre julguei sem cura. E por alguns momentos acreditei que eu estivesse condenado a ser uma pessoa triste para o resto da minha vida.

Em outros momentos me sinto culpado por me sentir triste, já que existem traumas piores, como abuso sexual e afins. Mas a minha história é outra. E ela só tem o devido peso porque quem viveu fui eu.

Ainda tenho muito trabalho pela frente, até me tornar uma pessoa boa. Até o momento que vou parar de me cobrar e achar que não tenho valor. Eu tenho o meu valor sim. E não preciso me cobrar. Ninguém vai notar. E isso não vai fazer meus pais mais felizes ou infelizes. Eu estou numa jornada longa e que preciso agir sozinho.

E estou disposto neste momento.